Esquema Organizador dos 4 temas

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Ciência, Sociedade, Tecnologia e Ambiente

sábado, 12 de junho de 2010

Poema de Pablo Neruda


Morre lentamente,


quem não viaja, quem não lê,


quem não ouve música,


quem não encontra graça em si mesmo.






Morre lentamente,


quem destrói o seu amor-próprio,


quem não se deixa ajudar.






Morre lentamente,


quem se transforma em escravo do hábito,


repetindo todos os dias os mesmos trajectos,


quem não muda de marca,


não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.






Morre lentamente,


quem faz da televisão o seu guru.






Morre lentamente,


quem evita uma paixão,


quem prefere o negro sobre o branco e


os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,


justamente as que resgatam o brilho dos olhos,


sorrisos dos bocejos,


corações aos tropeços e sentimentos.






Morre lentamente,


quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,


quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,


quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.






Morre lentamente,


quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.






Morre lentamente,


quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,


não pergunta sobre um assunto que desconhece,


ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.






Evitemos a morte em doses suaves,


recordando sempre que estar vivo


exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar




Pablo Neruda

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